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O equilíbrio só é possível com o amor

 
Muita gente julga que o amor tem o poder de superar tudo, que é preciso apenas amar bastante e tudo ficará bem. Contudo, a experiência mostra que isto não é verdade. Muitos pais são forçados a experimentar que, apesar do amor que dão a seus filhos, estes não se desenvolvem como eles esperavam. São forçados a ver seus filhos adoecerem, se drogarem ou suicidarem, apesar de todo o amor que lhes dão. Para que o amor dê certo, é preciso que exista alguma outra coisa ao lado dele. É necessário que haja o conhecimento e o reconhecimento de uma ordem oculta do amor. 
 
Bert Hellinher
 

Constelação familiar é uma terapia da alma, um resgate de almas, mudança de paradigma, em que você percebe de uma forma fenomenológica o quanto o nosso próprio julgamento influencia nossas vidas.​ O que é mais importante na constelação é que ela passa pela nossa misericórdia, pela humildade de saber que qualquer um de nós está sujeito a ter uma vida difícil. Com a constelação aprendemos a ter um olhar neutro perante o destino de nossos antepassados. Assim, nos liberamos para olharmos apenas o nosso próprio destino, que se torna mais leve. Além disso, recebemos a força da alma dos nossos ancestrais.A Constelação não é uma psicoterapia, é uma terapia do amor.  

 

Solange Rolla, Psicoterapeuta

 

A ALMA E O AMOR

 

A ordem natural vem do mais antigo para o mais jovem. Os pais dão e os filhos recebem. Os pais dão a vida e os filhos a aceitam. Os pais dão amor e os filhos o tomam em seu coração. Daí decorre um grande aprendizado: os filhos precisam dos pais, mas os pais não precisam dos filhos. E é exatamente quando essa ordem é invertida que começam os problemas familiares. Nas constelações percebemos muitos pais presentes de corpo, mas com suas mentes voltadas para seus conflitos íntimos. As crianças são muito sensitivas e com seu amor infantil querem trazer os pais de volta para a vida no “aqui-e-agora”. O resultado é uma inversão de papéis, pois os filhos passam a fazer de tudo para que seus pais se alegrem e se sintam felizes em sua presença. Na tentativa de preencherem esse espaço vazio que os pais deixaram os filhos se sobrecarregam e passam a ser a “felicidade dos pais”. Quando os pais brigam ele se coloca obediente para um dos pais e tenta criar uma reconciliação, ou fica doente para que os pais se unam cuidando dele. A criança inconscientemente diz “eu vou no seu lugar” ou “eu sofro por você”.

 

Mas esse amor é cego e não traz solução real e sim um agravamento do problema. Muitos pais acabam abdicando de sua vida de casal para nutrir 100% das necessidades dos filhos e se esquecem que a base da família é o casal fortalecido. Os desejos dos filhos se alegram quando os pais deixam de amarem um ao outro para serem exclusivos deles, mas suas almas se sobrecarregam. E inconscientemente eles acabam pagando com um sentimento de expiação. E toda expiação é sem sentido, não traz crescimento, pois nenhum mal se paga com sofrimento. No momento que os pais identificam que a criança passou a ter mais importância na família é momento de refletir sobre essa dinâmica da relação. Reassumirem o papel de pais e tirarem a sobrecarga dos filhos para que eles sigam suas vidas. A melhor forma de os filhos retribuírem o amor que receberam dos pais é passando isso adiante para as próximas gerações. Entre o casal pode ocorrer um desequilíbrio entre o dar e o receber. Há mulheres que se sentem superiores aos seus maridos e preferem dar todo o seu amor a eles e sem perceber se recusam a receber. Com o tempo esse marido vai se infantilizando e se tornando dependente dela e gradativamente menos atraente como homem. Com o tempo passa a se desinteressar por ela acaba buscando em vícios e distrações preencher o vazio que sente.

 

Ela dá demais de si e se recusa a receber, pois acredita que dar amor é suficiente. Com o tempo ele se ressente e a relação fica inviável. Isso pode acontecer com homens paternalistas que se dispõe a fazer tudo por suas mulheres. Ele não deixa que ela ofereça nada de si. Com o tempo ela acaba adoecendo, ficando deprimida e isso reforça a sua sensação de que tem que dar mais para a esposa. Sua depressão é um ressentimento pela impossibilidade de retribuir o muito que deu. É muito comum observar casais onde um concede muito e o outro pouco. Com o tempo aquele que recebeu demais pode agir de três formas. A primeira é sentir gratidão pelo muito que recebeu e reconhecer tudo que teve. Por exemplo, um marido que foi cuidado pela esposa depois de um acidente e fica ternamente grato pelo muito que recebeu. A segunda maneira é tentar diminuir ou atacar a pessoa que deu demais para que ela se sinta tão inferior quando ele. Por exemplo, quando um homem perde o emprego e a esposa o ajuda a se manter por alguns meses e nesse período ele não para de criticar cada atitude dela. A terceira é deixar a pessoa que deu demais, seja traindo ou abandonando a relação. Portanto, para que o amor dê certo é fundamental que o equilíbrio entre dar e receber seja respeitado.

 

Hierarquia do amor na família

 

 

O fruto do amor entre um homem e uma mulher são os seus filhos. Há também uma ordem escondida que suporta o amor entre filhos, a sua ordem na hierarquia familiar. A hierarquia familiar segue o fluxo do tempo, isto é, aqueles que estavam lá primeiro vieram antes daqueles que vêm mais tarde. Numa família, os pais já lá estavam antes dos filhos. O seu amor de um pelo outro enquanto homem e mulher, fundaram a família, e vem antes do seu amor para com os seus filhos, como pais. Em algumas famílias, as crianças atraem a total atenção de ambos os pais. Em tais famílias, os pais já não são principalmente um casal, mas sim fundamentalmente pais, e os seus filhos geralmente sofrem com isso. Quando o amor dos pais um pelo outro, como homem e mulher, mantém a sua prioridade, os filhos geralmente sentem-se muito confortáveis e satisfeitos. Em famílias assim, o pai está implicitamente a comunicar aos seus filhos, "eu vejo-te como és, mas também vejo a tua mãe em ti; e em ti, eu amo-a e respeito-a mais do que sempre." E a mãe comunica aos filhos, "eu vejo-te como és; mas ver-te lembra-me o quanto eu amo e respeito o teu pai, porque eu vejo-o em ti também." E os pais comunicam um ao outro, "quando vejo os nossos filhos, amo-te e respeito-te ainda mais." Então o amor dos pais para com os seus filhos é uma continuação do seu amor como um casal, mas o amor de um para o outro dos pais mantém a sua precedência, e os filhos sentem-se livres.Muitas famílias hoje são segundas ou terceiras famílias.

 

 

Por exemplo, quando o homem e a mulher tiveram relacionamentos anteriores e trazem filhos para o novo relacionamento. Qual é a ordem de prioridade então? Os pais foram pais dos seus filhos antes de formarem um casal. O amor para com os seus filhos não foi uma continuação do seu amor um pelo outro, como homem e mulher, porque eram pais antes de serem um casal. Nestas situações, os novos parceiros devem reconhecer que o amor aos filhos veio antes do amor pelo novo parceiro e que o grande amor e a maior dedicação tendem a fluir para os filhos - e naturalmente nas crianças, para o anterior parceiro também. Somente então, na extremidade da corrente, flui o amor e dedicação para o novo parceiro. Se ambos os parceiros aceitarem esta hierarquia do amor, então o seu amor pode florescer. Mas quando um dos parceiros do novo casal diz ao outro, "eu quero vir em primeiro lugar, antes de seus filhos", então o novo amor fica em perigo e não resistirá por muito tempo.Quando um casal traz filhos para o seu novo relacionamento e tem depois filhos juntos, a sequência é que primeiro eram pais dos filhos originais, depois um casal, então pais dos seus próprios filhos. Os casais que respeitam esta sequência natural de tempo e a sua relevância para os seus relacionamentos podem evitar e resolver o grande desafio dos conflitos nas parcerias. Assim, eu esbocei momentaneamente algumas das ordens mais importantes do amor que nós observamos operando nos relacionamentos entre homens e mulheres. De passagem, pode ser útil dizer que há também ordens do amor para casais sem filhos, incluindo casais homossexuais. Concluindo, quero contar-lhes uma história sobre o amor. Chama-se Duas Boas Sortes.

 
Casamento: a ligação que ninguém dissolve....
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quando um homem e uma mulher se aceitam um ao outro no sentido lato de homem e de mulher, então a consumação do seu amor cria uma ligação entre eles que não pode ser dissolvida. Esta ligação é muito diferente dos ensinamentos morais de várias igrejas sobre a indissolubilidade da união. A consumação do amor neste sentido cria uma ligação independente do casamento e de qualquer ritual ou cerimônia. Reconhecemos a existência desta ligação pelos seus efeitos. Por exemplo, se alguém frivolamente abandona um parceiro com quem se tenha ligado desta forma, a seguir, tem dificuldade em manter algum outro novo parceiro. O novo parceiro detecta a ligação e não se sente livre para reclamar ao novo parceiro, nem para se tornar completamente aberto e vulnerável. Por exemplo, uma mulher sentiu secretamente que era melhor do que a primeira esposa do seu novo marido, e convenceu-se de que o poderia fazer muito mais feliz do que a primeira esposa tinha feito. Não obstante, após alguns anos, tornou-se incapaz de ter intimidade com ele.
 
Desta forma, inconscientemente reconheceu a ligação à primeira esposa, e também a sua própria lealdade ao primeiro parceiro. Perdeu também o marido, como a primeira esposa tinha perdido.Em constelações familiares, observamos frequentemente que uma segunda esposa mantém uma pequena distância de seu marido, como se não pudesse tê-lo inteiramente porque ele já estava ligado a outra pessoa. Também podemos reconhecer a profundidade da ligação pelo seu efeito. Regra geral, o fim do primeiro amor é o mais difícil, é o mais doloroso. A separação é geralmente mais fácil com a segunda ligação, e ainda mais fácil com a terceira.
 
Esta ligação não é o mesmo que amor. Às vezes acontece que a ligação é muito profunda, mesmo que haja pouco amor, ou que há um grande amor e uma pequena ligação. A ligação é criada pelo ato físico do sexo e deve ser respeitada Se a pessoa espera mais tarde ligar-se profundamente, ele ou ela devem tratar da primeira ligação de uma forma boa. O efeito negativo da primeira ligação suaviza-se quando é reconhecido, e o primeiro parceiro tenha recebido o devido respeito. Quando a primeira ligação é odiada e tratada como algo vil, choca-se com a habilidade da pessoa ligar-se outra vez mais tarde, em melhores circunstâncias.
 
Palestras de Hellinger
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