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Bert Hellinger 

 

 

nasceu em 1925, estudou filosofia, teologia e pedagogia. Sua formação religiosa levou-o depois a ingressar em uma ordem religiosa católica. Mais tarde trabalhou como missionário na África do Sul. No início dos anos 70 deixou a ordem religiosa católica dedicando-se então à psicoterapia. Através da dinâmica de grupo, da terapia primal, da análise transacional e de diversos métodos hipnoterapêuticos chegou à sua própria terapia sistêmica e familiar.Autor de best-sellers na Alemanha, possui mais de 14 livros em sua bagagem. “A Simetria Oculta do Amor” foi o primeiro livro a ser publicado no Brasil. Entre as suas atividades atuais está o seu trabalho com os sobreviventes do holocausto e suas famílias. Bert Hellinger redescobriu durante o seu trabalho com centenas de sistemas familiares que o reconhecimento do amor que existe no seio das famílias comove as pessoas e muda suas vidas. Porque um amor rompido em gerações anteriores pode causar sofrimentos aos membros posteriores de uma família, o processo de cura exige que os primeiros sejam relembrados. Nos seus workshops os participantes observam, representam pessoas de outras constelações familiares ou exploram suas próprias dinâmicas familiares ajudando Hellinger a demonstrar como o amor, mesmo se injuriado ou mal-direcionado pode ser transformado em uma força que cura.Hellinger é inabalável em sua serena compaixão durante o seu trabalho com indivíduos, casais ou famílias que enfrentam situações difíceis. Terapeutas experientes apreciam a efetividade de seu método e seus resultados. Freqüentemente os participantes de seus workshops partem com uma profunda compreensão de si mesmos, o poder do amor e as forças que governam os relacionamentos humanos. Bert Hellinger vive hoje com sua esposa Sophie Hellinger na Alemanha, no sudeste da Baviera, perto da fronteira austríaca.

A DOR DOS EXCLUÍDOS

O argumento que mais tocou o meu coração desde que iniciei os estudos sobre Constelações Familiares foi sobre a dor dos excluídos. O enorme desequilíbrio que desencadeia ondas de dor chega a durar séculos num sistema familiar é justamente a exclusão de um membro. Quando nascemos, a nossa mãe nos dá a vida e com ela o nosso “campo” energético ou familiar. Por toda a nossa vida, será nessa “frequência” que viveremos, sentiremos e agiremos. Esse campo vibra em ressonância com os campos de todos os pertencentes a família de origem. Então, excluir, desprezar, desconsiderar, negar a existência de um dos seus membros da família é um ato gravíssimo que ressoa em todo os participantes daquela constelação, atingindo os campos dos envolvidos de forma inexorável e trágica. A exclusão tem um raio de ação devastador nas vidas dos membros que nem conhecem o fato. E esse é um dado importante: muitas pessoas são afetadas pela exclusão de um antepassado que nem conheceram o nome ou a existência.

Se a exclusão é de um irmão ou irmã que o pai ou a mãe tiveram fora do casamento e esconderam o fato por anos, causando dor e sofrimento na criança negada, o impacto será enorme. Nas constelações observa-se que nesses casos um irmão se afasta da família (com o seu afastamento a alma honra a irmã excluída) ou entra em conflito com o genitor que a excluiu. Em outros casos, vários membros de uma família que excluiu um parente emigram para países de outros continentes, sem ter consciência que aquele ato é uma enorme demonstração de amor para com o excluído. Essas pessoas que se sentiram impelidas a viver muito longe de sua família de origem não conseguem sentir alegria e prazer na cidade onde seus familiares também residem. Forças invisíveis os guiam para muito longe, para compensar a dor e o sofrimento daquele que um dia foi mantido longe dos corações dos demais membros da família. Sua alma é impelida a honrar a dor do excluído.

Noutros casos a lealdade entre as almas das irmãs e irmãos se estende ainda mais, fazendo com que uma irmã não gere filhos enquanto a outra excluída não encontra o seu lugar no sistema familiar. A lealdade invisível entre as almas dos irmãos é enorme e eles abrem mão da própria felicidade para que no sistema seja compensada a dor do outro irmão.



Tania Rocha

ALMA E O CAMPO SISTÊMICO



 

As constelações familiares se referem de uma nova maneira àquilo que chamamos de "alma". Podemos denominar assim a força invisível que animando (ou pelo menos no mundo animado; congrega partes num todo de uma tal maneira que o todo é mais do que a soma das partes e de suas funções dentro dele. A alma não se identifica com nossa consciência, pois inclui o inconsciente. E não se identifica com os processos fisiológicos e físicos em nosso corpo e em nosso cérebro, embora esteja inseparavelmente unida a eles. Não se identifica tampouco com nossos sentimentos, embora o sentir seja o modo de expressão por onde se experimenta a alma. Ela é antes como o espaço ou o campo que une, ultrapassando espaço e tempo, tudo o que constitui uma pessoa, criando uma identidade. A abordagem típica da ciência natural atual, que busca o que "não difere", a saber, as partes e partículas e suas mútuas conexões, exclui por seu próprio método a possibilidade de descobrir uma alma. Porém nossa experiência quotidiana se dirige ao que é "mais do que". Não há conversa, nem arte, nem política, nem vida de relacionamento sem participação da alma. Como a experiência psíquica não pode ser reduzida ao que material e quantificável, a língua desenvolveu "palavras da alma" como liberdade, paciência, espírito, coragem, amor, etc. O que entendemos por "amor" não pode ser adequadamente entendido a partir de genes ou de funções do cérebro. Sabemos que para falar dos domínios da alma dependemos de imagens, metáforas, imprecisões, vivências, experiências, intuições perceptivas, bem como da função anímica da avaliação sensitiva e de coisas semelhantes. Por mais que as ciências da natureza nos ajudem com seus conhecimentos e nos obriguem, por exemplo, a repensar nossa liberdade de decisão, a ocupação com a alma, que ultrapassa o âmbito da experiência da vida, pertence mais às ciências do espírito ou à psicologia como ciência do espírito. O trabalho com as constelações familiares se apresenta no concerto da teoria e da prática psicológica modernas de um modo amplo e desafiador, descortinando a alma redescoberta e suas leis.

 

Constelação Familiar e o Campo Morfogenético

 

No caso da constelação familiar, o grupo de pessoas que a integra forma um sistema devido à interação entre cada pessoa e o resto do grupo, e entre o resto do grupo e cada pessoa. Dentro de um sistema, cada parte influencia o todo e o todo influencia cada parte. Essa vinculação é a característica do sistema. O conceito de sistema se aplica perfeitamente no campo macro-cósmico. A conceituação de uma explosão inicial que originou o Universo de hoje, no qual tudo que existe está entrelaçado em um relacionamento sistêmico. Segundo os cosmólogos atuais, a expansão do Universo poderá continuar indefinidamente se a densidade das massas forem baixas. Mas, se a energia gravitacional for de um nível intenso, a expansão parará até chegar num "big crunch", que será o início da terrível concentração de massa que termina com um novo Big Bang. Nas constelações siderais, cada estrela é um vórtice de energia que faz parte de um sistema energético, que abrange todas as estrelas da constelação sideral. Voltando à constelação familiar, a pessoa que coordena o processo solicita que cada um se deixe levar pelos seus sentimentos e faça aquilo que achar adequado. Depois desse momento, cada um dos representantes pode expressar sentimentos, às vezes de muita intensidade e que sabe estar relacionados com o problema que está sendo focalizado. Muitas vezes, os representantes falam ou tomam expressões emocionais que eles sabem que não são deles mesmos. Muitas vezes surgem falas que são de pessoas já falecidas. Tendo assistido por várias vezes a processos de constelação, eu me perguntei como pode acontecer que num processo aqui e agora participem pessoas já falecidas. A resposta que surgiu é que, no processo de constelação entram energias virtuais (por serem muito sutis) que determinam os efeitos e emoções e falas alheias ao representante. Essas energias virtuais são consideradas por Rupert Sheldrake como Campos Morfogenéticos.

 

Eu posso dizer que Campo Morfogenético, na biologia, é constituído por uma energia que age para dar forma a um ser vivo dentro de um processo de evolução, num espaço de tempo determinado. Pondo o conceito nas palavras de Sheldrake, "Os campos morfogenéticos são 'estruturas de probabilidade', nas quais as influências dos tipos passados mais comuns se combinam para aumentar a probabilidade de repetição destes tipos" Mais à frente, no seu livro "A Presença do Passado", Sheldrake afirma que "Os campos morfogenéticos de qualquer organismo vivo particular, digamos, de um girassol, são moldados pelas influências das gerações precedentes de girassóis. A ressonância mórfica não permite, contudo, explicar como é que aparecem os primeiros campos deste tipo.Dentro do âmbito da evolução biológica, os campos de girassóis estão ligados, de maneira estreita, aos campos de outras espécies aparentadas, tais como as alcachofras de Jerusalém descendem, sem dúvida, dos campos de uma longa linhagem de espécies ancestrais. Mas a hipótese da causalidade formativa não permite responder à questão de saber como é que os campos do gênero girassol, ou da família compositae, de que é membro, ou das primeiras células, surgiram. E uma questão de origem, de criatividade. " Outro conceito importante para Sheldrake é o da ressonância morfogenética. A ressonância em música é o melhor exemplo que eu conheço para verbalizar esse fenômeno. Quando temos um instrumento musical, por exemplo, um violão, e se pulsa uma corda afinada em uma determinada nota, outra corda do violão afinada na mesma nota vai entrar em vibração sem ser pulsada.

 

De acordo com Sheldrake, a ressonância mórfica implica uma espécie de ação à distância no espaço e no tempo. No campo morfogenético o passado influi no presente. Os ancestrais influem na geração atual por um efeito de ressonância. O ancestral influi na geração atual porque há semelhança entre as duas gerações. No caso de pessoas entre o ancestral e a geração atual podemos observar a repetição de comportamentos do ancestral do passado. Poderíamos dizer: a história se repete. A afirmação de Rupert de que os ancestrais influenciam comportamentos semelhantes aos deles em outras gerações posteriores, é uma afirmação plausível que explica comportamentos de tataravós que aparecem em tataranetos, e isso pode ser presenciado em muitos processos de constelações."A ressonância mórfica dos padrões de atividade de organismos passados semelhantes e a auto-ressonância de um organismo podem ser percebidos como aspectos semelhantes do mesmo processo. Ambas implicam relações causais formativas através do espaço e do tempo. A auto- ressonância estabiliza, pela sua alta especificidade, o padrão de atividade característico de um organismo, ao passo que a semelhança com organismos passados semelhantes estabiliza a estrutura de probabilidade geral do campo." Para Sheldrake, a forma dos seres vivos é função dos campos morfogenéticos e da ressonância mórfica, mas ele não se limita ao aspecto físico dos seres vivos, ele também considera que os comportamentos também são função da ancestralidade. Nas palavras de Sheldrake:"(...) A forma e o comportamento dos organismos não são, simplesmente, os produtos de interações mecânicas no seio do organismo, ou entre o organismo e o seu ambiente imediato; dependem, também, dos campos com os quais o organismo está sintonizado. " Além do conceito da biologia, da física, Sheldrake examina também conceitos psicológicos."A noção de hábito também foi explorada na biologia. Os organismos vivos parecem conter uma espécie de memória. O desenvolvimento dos embriões presentes não passa, de fato, de uma repetição do dos seus antepassados.

 

Os animais possuem instintos que parecem encarnar experiências ancestrais. Todos os animais são, por outro lado, capazes de aprendizagem; desenvolvem hábitos que lhe são próprios. Samuel Butler demonstrou esta questão com uma clareza admirável, há cerca de cem anos. A memória, conclui, em Life and Habit, é a característica fundamental da vida: 'A vida é essa propriedade da matéria que lhe permite lembrar- se - a matéria capaz de se lembrar está viva. A matéria incapaz de se lembrar, está morta. ' Dois anos mais tarde, em Unconsious Memory , foi mais longe: 'não consigo imaginar uma matéria totalmente desprovida de memória, uma matéria que não esteja viva face ao que consegue recordar...não vejo como uma ação, seja ela qual for, seria concebível sem supor que cada átomo conserva a lembrança de determinados antecedentes'. Durante o desenvolvimento, os embriões passam por fases que lembram as formas embrionárias de tipos ancestrais distantes; o desenvolvimento de um organismo individual parece, de uma certa maneira, ligado ao conjunto do processo evolutivo que lhe deu origem. Os embriões humanos, por exemplo, passam por uma fase tipo peixe, com fendas branquiais. Butler via nisto uma manifestação da memória que o organismo tem da sua historia anterior. 'O pequeno óvulo, sem lembrança potencial de tudo o que aconteceu a cada um dos seus antepassados. "

 

As hipóteses de Rupert Sheldrake que pudemos apresentar neste artigo constituem uma lição avançada que produz uma reviravolta nas posições dos cientistas da biologia, da psicologia e da física. São hipóteses altamente criativas e que seduzem pela possibilidade de explicar, cientificamente, fenômenos que até agora se configuravam como parapsicologia. Terminada a exposição dos aspectos mais importantes das postulações de Rupert Sheldrake, podemos afirmar que o Campo Morfogenético se constitui na mais recente postulação psicossomática que eu conheço. Quando Sheldrake afirma que a energia do Campo Morfogenético age de ancestrais até os mais novos representantes de uma família biológica e que pela ressonância morfonegética, essa energia reforça as modificações físicas e psicológicas dos seres humanos, podemos entender o que acontece com crianças de dois, três, quatro anos, que demonstram uma habilidade verbal e motora muito mais diferenciada do que os pais quando tinham essa idade. A facilidade com que nossas crianças, de hoje, dominam brinquedos eletrônicos e até computadores e a utilização de uma linguagem muito diferenciada, no que se refere a domínio dos significados das palavras e dos sentidos de frases. Essa facilidade pode ser atribuída à existência do campo morfogenético e à respectiva ressonância. É conhecida a imagem da Gestalt constituída por um vaso e dois perfis. Vamos supor que os perfis fossem psquismo e o vaso seja o corpo, o soma, há pessoas que vêem só os perfis e outras que vêem só o vaso. Levando a analogia para o campo morfogenético, ele agiria simultaneamente sobre o vaso e os perfis e se alguém pudesse enxergar a figura dessa maneira, veria, de forma psicossomática, o ser humano, ou seja, psique e corpo, uma unidade indissociável.

 

Referências Bibliográficas:¦ Sheldrake, Rupert. "A Ressonância Mórfíca e a Presença do Passado - Os hábitos da Natureza". São Paulo, Crença e Razão, 1988.¦ Boccalandro, Efraim Rojas. "Teste Projetivo Sonoro Infantil". (No prelo).¦ Hall, Manly P. "The Secret Teachings of All Ages: An Encyclopedic Outline of Masonic, Hermetic, Qabbalistic and Rosicrucian Symbolical Philosophy" Chapter LXXXI: The Pythagorean Theory of Music and Color. Los Angeles, The Philosofical Research Society, 1975. 6 Butler, Samuel aput Sheldrake, Hupert. Pg.37.

 

Efraim R. Bocallandro e Irene Cardotti Bocalandro

http://www.consteladoressistemicos.com/

 

MUDAR UM COMPORTAMENTO

 

Mudar de comportamento é um dos desafios mais difíceis que o ser humano enfrenta em sua existência. Todos já tentamos mudar algum hábito ou fazer algo novo e encontramos dificuldades, devido a nossa tendência de repetir as mesmas coisas, o mesmo padrão.. Mas isso se aplica a não correr na esteira como havíamos determinado que na semana passada ou ao ódio pelo ex-marido, impedindo que o amor chegue a nossa vida. As dificuldades em nossos relacionamentos amorosos, familiares ou profissionais, bem como dependências químicas, comportamentos autodestrutivos; depressões; problemas compulsivos, fobias, vícios e obsessões e traumas, podem estar presos em acontecimentos passados, necessitando um olhar mais amplo e inclusivo para se perceber, reconhecer e buscar a ordem perdida ou o emaranhamento para que os relacionamentos deem certo. É dessa oportunidade que trata a Constelação Familiar, desenvolvida por HELLINGER, há mais de trinta anos. Para que a pessoa consiga “mudar”, deve entender que as ações dos antepassados pode influenciar a vida dela. A constelação familiar é uma técnica terapêutica que põe em evidência o profundo poder de conexão que cada pessoa tem com sua família e também com as pessoas com as quais têm vínculo profundo de amor e lealdade. O que uma geração deixa de resolver é transferido inocente e inconscientemente para as gerações seguintes, que ficam emaranhadas com estas pendências, que na realidade não são de responsabilidade da pessoa.

Como se quebra a corrente de repetição dos erros cometidos no passado, seja por parente ou pela própria pessoa? O primeiro passo é olhar para a questão e reconhecer que forças atuam ali. Não podemos ignorar o passado. É preciso respeitá-lo. “Aquilo que respeito me liberta, aquilo que nego me aprisiona”. Quando não concordo com o passado, não posso ir adiante porque o passado está dentro de mim. Eu herdei a herança genética ou material dos meus antepassados, mas também  herdei suas experiências, boas ou más, e elas continuam atuando e influenciando meu caminho, quer eu concorde com isso ou não. Quando olho com amor e respeito para os que vieram antes, tomo tudo de bom deles e sigo em frente. Ninguém pode mudar o passado, mas podemos mudar o nosso olhar sobre ele e obter a força contida nele para seguir avante.

 

 

As ordens do amor

 

Todos temos uma consciência pessoal, a qual percebemos como “leve” ou “pesada”.Sentimos essa consciência avaliar nossos atos. Muitos julgam inclusive ser essa consciência o juiz do “certo” e do “errado”.Esse é um engano muito comum. Nossa consciência pessoal nada tem a ver diretamente com o certo ou o errado.Ela se guia por outros princípios, que podem ou não estar ligados ao que é denominado de moralmente “certo” ou “errado”. A descoberta desses princípios por Anton Hellinger descortinou um universo de percepções sobre a natureza de nossos relacionamentos familiares e por extensão, a todos os demais grupos aos quais cada ser humano está ligado.Investigando a forma como cada um se sentia muitas vezes inocente (ou de consciência “leve”) mesmo cometendo atos agressivos, violentos e que prejudicavam a si e a outros, Hellinger percebeu que a consciência pessoal se liga a três princípios, a saber:

 

• Um princípio vinculador, que estabelece o pertencimento ao grupo

• Um princípio de equilíbrio nas trocas, entre o dar e o receber

• Um princípio de ordem ou hierarquia dentro do grupo

 

Nos sistemas familiares, quando alguém faz algo que ameaça seu pertencimento ao grupo sente imediatamente a consciência “pesada”. Por exemplo, se alguém se depara com o fato de estar saudável, mas todos os membros de seu grupo familiar estiverem muito doentes, vai se sentir “culpado”. Ou um membro de uma família de criminosos, sente-se “culpado” se não comete ele também algum delito. Estranho, não é? Especialmente estranho, porque nesses casos, essas pessoas se sentiriam “inocentes” – ou de consciência leve – fazendo coisas que no primeiro caso (adoecer junto com os demais membros da família) seria uma coisa “ruim” e no segundo (não cometer nenhum delito) seria uma coisa “boa”. Seguindo os dois princípios seguintes, podemos perceber que quando recebemos algo bom, sentimos uma pressão interna para retribuir, o que é na verdade uma forma de consciência pesada, percebida como dívida. No caso da ordem, se temos que agir de forma a repreender alguém que está acima de nós na hierarquia, percebemos isso como algo que nos deixa “de saia justa” – por outro lado, se o fazemos com um subordinado, isso não nos pesa tanto.

 

Mas Hellinger ainda descobriu um outro fato surpreendente e que na maior parte do tempo nos escapa da percepção. Ele descobriu a existência de uma consciência grupal comum que atua sobre um grupo bem delimitado de pessoas de cada grupo familiar. Esse grupo é guiado por essa consciência de forma que só podemos perceber a existência dela através de seus efeitos. Nós não a percebemos como “leve” ou “pesada” da mesma forma como percebemos a consciência pessoal. Essa consciência grupal também se guia pelos mesmos princípios anteriormente citados, mas de forma diferente. Podemos explicar isso de forma simples assim:

• Em relação ao vínculo, a consciência grupal não permite que qualquer membro do grupo seja esquecido, expulso ou excluído sem exigir uma compensação. Caso ocorra, ela vai exigir que um descendente que vem mais tarde (e que frequentemente nada sabe ou nem mesmo participou do fato) repita o destino do excluído ou aja de forma similar a ele (sem o saber).

• Em relação ao equilíbrio, essa consciência exige uma compensação adequada para o que foi dado e recebido. Se alguém recebe demais e não equilibra isso, então um descendente tem a propensão de fazê-lo em seu lugar. • Em relação à ordem, essa consciência não admite a interferência dos pequenos nos assuntos dos maiores, sob pena de os primeiros se sentirem (sem perceber) tentados a expiar sua interferência através do fracasso, da doença e de destinos difíceis.Dito isso, fica então muitas vezes claro que alguém, agindo de “boa consciência”, frequentemente por amor, infringe as regras da consciência de grupo, chamada por Hellinger de consciência arcaica ou também de “alma” (não no sentido religioso, mas no sentido latino da palavra, “aquilo que empresta movimento a algo”). Ao faze-lo sobrevém então os efeitos desastrosos, seja para si, ou mais frequentemente para seus descendentes. Hellinger denominou esses princípios de “Ordens do Amor”. Pois eles atuam através do amor profundo entre descendentes e antepassados.

 

Hoje, denominamos "Leis Naturais do Amor", pois na verdade é uma lei da natureza, assim como a gravidade. Elas atuam independente do nosso conhecimento, concordância, opinião etc.Suas percepções abriram também as portas para aquilo que as vezes permite a solução entre tais desordens, através de um amor mais amplo, consciente, que ultrapassa os limites restritos da consciência pessoal.É nesse âmbito que se desenvolvem as Constelações Familiares, buscando restaurar a harmonia entre as ordens do amor dentro de cada grupo familiar. Isso torna então muitas vezes compreensível o comportamento de cada membro familiar, bem como encontra uma saída para a expressão de seu amor.

 

www.institutohellinger.com.br/

 

 

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